"Vou falá de umas pessoas, de umas coisas..."

"Vou falá de umas pessoas, de umas coisas..."
"Êta Tijucona véia de guerra!"

Mostragem, agora por ordem alfabética, de passagens de minha vida, narradas sob a minha ótica e com total sinceridade, e que envolvem primeiramente pessoas que me acrescentaram algo, depois instituições em que labutei e, por fim, locais que me marcaram.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

vivencias-madeira-alfabética(pessoas:J)



J:José Coelho,pai de Terezinha,meu sogro.Seu José ou seu Zé era uma figura impagável,amadíssima,pela simplicidade,pela forma agradável de relacionar-se.Calado,ficava um tempo pitando um cigarrinho,imerso em pensamentos,bem longe do que estava ocorrendo no seu entorno.Baixinho,mirrado,mas trabalhador,quando provocado para um papo,derramava pérolas de sabedoria,baseadas em uma existência difícil,como de todo imigrante,mas próprias de quem sabia analisar tudo aquilo que vira ou vivenciara.Tratava a todos da mesma maneira falando baixinho,mas claramente.Não era dado a leitura,televisão só via filmes de guerra,mais especificamente sobre a segunda grande guerra,sua paixão e aí desfilava histórias e casos e casos.Podia passar horas sem ser percebido,mas eu notava que êle,com um ohar arguto,a tudo escutava e armazenava,como boa fonte de saber.Conheci-o já com problemas financeiros,alquebrado pela idade,envergonhado por ter tido condições financeiras(isso eu soube pela esposa Dona Hilda)e perdido tudo,tendo que recomeçar como feirante sem ter nenhuma posse,lutando muito diariamente apenas para ter o que comer e já alcoólatra,o que em nada lhe tira o valor,pelo contrário sempre me fez admirá-lo mais e mais,pois era uma fuga,por julgar-se culpado pelos azares do destino. Afinal,apesar do vício,continuava a lutar,de forma extremamente cansativa e difícil,das duas horas da manhã até a tardinha,três,quatro horas,quando chegava para almoçar,extenuado,mas com o dever laboral cumprido.Nossa relação era fortemente enlaçada,êle tratando-me com deferências,mas com olhar paterno e eu buscando atendê-lo em tudo e estar muito próximo a êle,conversando com êle,dando-lhe o máximo de atenção.Sempre nos demos muito bem e sempre o vi como um homem sofrido,mas um homem de bem,lutador,de fortes qualidades morais,simples,que amava muito Terezinha,filha querida,que eu sei que também tinha grande admiração por êle.Seu Zé,homem tão simples,que de uma feita ao ir visitar-nos em Brasília,fui recebê-lo na Rodoviária e ao perguntar pela mala,disse que não tinha trazido e eu perguntei pela roupa e êle a tinha trazido vestido:estava vestido com três camisas,duas calças,duas meias,tudo uma sobre a outra.Valeu Seu Zé,me marcastes pela simplicidade,pelas poucas palavras,pela análise fácil e curta dos fatos ao redor,pelo respeito e carinho,desejo te reencontrar em algum momento para conversarmos mais e nos curtirmos.Madeira

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