"Vou falá de umas pessoas, de umas coisas..."

"Vou falá de umas pessoas, de umas coisas..."
"Êta Tijucona véia de guerra!"

Mostragem, agora por ordem alfabética, de passagens de minha vida, narradas sob a minha ótica e com total sinceridade, e que envolvem primeiramente pessoas que me acrescentaram algo, depois instituições em que labutei e, por fim, locais que me marcaram.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

vivencias-madeira-alfabética(pessoas-A)


Tijuca, década de 1950


A:Antonio Madeira:meu avô materno,pai de minha mãe Aracy Madeira.Foi partícipe importante na minha geração,pois foi através dele que meu pai conheceu minha mãe.Seu Madeira,português típico,baixinho,gordote,tranquilo,não gostava de brigas(neste ponto não muito luso),tinha na década de trinta uma padaria,na Tijuca,em uma rua lateral a Avenida Almirante Cochrane,no início da Tijuca,para quem vem do centro do Rio.Meu pai,de profissão padeiro,foi ser seu empregado após a morte de sua primeira esposa,a mãe de Sidonio e lá conheceu minha mãe Aracy,jovem,artezã,filha de meu depois avô Antonio.Cresci,durante toda a década de cinquenta,convivendo com os almoços de domingo na casa dele,costume bem lusitano,um casarão na rua Conselheiro Zenha 82,na Tijuca.Era na extensão da palavra um casarão,composto de um longo corredor lateral,com três quartos bem amplos que terminavam em uma enorme sala,com três janelões.No sentido interno da casa,o corredor era interrompido por uma grande sala de jantar com uma mesa para refeições, que dava para umas dez pessoas de cada lado.Continuando após a sala de jantar o corredor,para os fundos,tinha uma saleta,um pequeno quarto,um banheiro master(grande mesmo),com chuveiro,banheira e janelão,acabando em uma cozinha muito grande,que tinha além de uma baita pia,dois fogões,um a lenha e um tipo industrial.Isso tudo alto,com acesso por três escadas,uma de visitas a frente,uma para a sala de jantar e outra,atrás,de entrada e saída da cozinha.Embaixo,tinha três quartos menores(certamente para empregados)e um depósito,havendo em frente a êstes grande área ocupada por galinheiro e pequenas hortas e lateralmente até o portão de ferro de entrada um corredor razoavelmente largo,onde eu chutava minha bola de borracha nas paredes.A casa era construída sobre um porão com boa altura,dava para entrar bem,de fora a fora,escuro e úmido,como todo bom porão.Meu avô Antonio era um bonachâo,extremamente bom,já o conheci viúvo(nunca mais casou,dedicando-se a criar os filhos e ajudar a todos ao redor),sustentava,literalmente,os filhos que com êle continuavam morando,além de dois sobrinhos.Eram na casa,meu padrinho e tio Arthur,viúvo,minha tia e madrinha Adyr,com o esposo Abel e três filhos pequenos,menores um pouco que eu,minha tia Hermínia(espirito fabuloso,como meu avô boníssima),com o marido Manoel(apelidado de Manduca),que criavam e educavam o filho de meu padrinho Artur,o Arnaldo,isso nos quartos de cima da casa e nos debaixo moravam os sobrinhos Milvio e Zeca.Portanto,um bando que morava lá às custas do velho.Só não moravam com êle dois filhos: minha mãe e um outro tio casado,Ary.Bem, aos domingos todos os filhos almoçavam juntos, com meu avô Antonio à cabeceira. Nós íamos, inclusive Sidonio, enquanto solteiro e morador do Rio, com o tio Arthur ao Maracanâ, à pé,ver o clássico da semana.Quando o Vasco jogava meu Tio Abel,português e vascaíno doente ia também.Meu avô Madeira,que me deu o nome de guerra no Exército e que ficou profissionalmente, marcou-me pela bondade, tranquilidade, equilíbrio(nunca o vi nervoso ou grosseiro com ninguém),pronto a conciliar e auxiliar a todos,sendo na família de minha mãe,nos Madeira um paradigma de pessoa amorosa e caridosa.Pena que com êle convivi pouco,apenas enquanto pequeno,mas marcou-me,sendo parte da formação de meu caráter.Valeu Vovô Madeira

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