"Vou falá de umas pessoas, de umas coisas..."

"Vou falá de umas pessoas, de umas coisas..."
"Êta Tijucona véia de guerra!"

Mostragem, agora por ordem alfabética, de passagens de minha vida, narradas sob a minha ótica e com total sinceridade, e que envolvem primeiramente pessoas que me acrescentaram algo, depois instituições em que labutei e, por fim, locais que me marcaram.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

vivencias-madeira-alfabética(pessoas-A)


Rua Conde de Bonfim


A;Arthur Madeira:irmão de minha mãe,meu tio e padrinho.Tio Arthur pesou bem na minha vida.Alto,magro,de bigode,era sóbrio,parecia pelos comportamentos e silhueta um lorde inglês.Andava muito de colete,com um relógio de corrente no bolso deste e também gostava de carregar um guarda-chuva,tudo bem britânico.Em casa estava sempre o dia todo de pijama comprido,de listas grossas.Falava muito bem e comportava-se as refeições com muita elegãncia.Era proprietário de uma loja de ferragens(loja especializada em ter tudo e qualquer coisa em necessidades pequenas para construção e manutenção de uma residencia,por exemplo,pregos,parafusos,ferramentas,outros.Êsse tipo de loja foi substituído por grandes lojas de conveniências de material de construção,no ES tipo D&D.A loja era muito bem situada,à rua Conde de Bonfim,quase na esquina da rua Dona Delfina,bem próximo de onde meu pai tinha a padaria Laís,na Tijuca.Eu,quando adolescente,ia muito lá para comprar coisas que nós precisassemos para casa ou para vê-lo,conversar com êle.Grande leitor,tinha na loja sempre almanaques,dos quais o mais famoso era o do Biotônico Fontoura(almanaques eram pequenos opúsculos,publicações finas,anuais, de interesse difuso,nas quais encontravam-se o calendário do ano,colocado mês a mês,com indicações de mudanças lunares,santos do dia,piadas,informações gerais(hoje não existem mais).Além de leitor de imersão tio Arthur era na família o mestre da matemática,fazendo contas e mais contas com perfeição,resolvendo problemas,simples é verdade(tipo essas pegadinhas de A sai de tal lugar com tal velocidade e B sai depois...).Marcou-me, também,que êle escrevia o quatro de cabeça para baixo.Tio Arthur tinha sua história particular de sofrimento introjetado(não falava no assunto,com ninguém),pois sua esposa,logo no início do casamento,morrera no parto do filho,que sobreviveu,com uma sequela,fruto de inabilidade médica,pois ao ser retirado da barriga da mãe a forceps,ela morreu e o menino foi atingido na cabeça(tinha uma cabeça enorme,deslocando-se em um carrinho de rolimãs,enquanto pequeno,pois não aguentava com o peso da cabeça).Com isso êle nunca mais casou,nem o vi com nenhuma mulher,em um luto eterno e definitivo.O Arnaldo,nome desse menino era criado junto dele,pela irmã Herminia e o cunhado Manduca,na casa do meu avô Antonio Madeira,com quem todos moravam.Tio Arthur marcou-me mais ainda por ser o total responsável por eu ter como meu clube o Fluminense.Êle era associado do Fluminense,de carteirinha e contribuição mensal,recebia em casa a revista do Fluminense,mensalmente,a lia e guardava para mim e sempre me levava ao Maraca,enquanto criança,desde meu retorno de Portugal(onze anos)até a adolescencia findar,após os almoços de domingo na casa do avô Antonio Madeira.Foi um excelente padrinho,pelos exemplos de honradez,pela finura e segurança que passava(era o intelectual da família Madeira) e pelo tricolor.Valeu Tio Arthur.Aguarde-me,pois certamente pela afinidade algum dia estaremos juntos.Theo

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