"Vou falá de umas pessoas, de umas coisas..."

"Vou falá de umas pessoas, de umas coisas..."
"Êta Tijucona véia de guerra!"

Mostragem, agora por ordem alfabética, de passagens de minha vida, narradas sob a minha ótica e com total sinceridade, e que envolvem primeiramente pessoas que me acrescentaram algo, depois instituições em que labutei e, por fim, locais que me marcaram.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

vivencias-madeira-alfabética(instituições/ensino/aluno)


Largo da Segunda-Feira, hoje


Aluno: alfabetização e primário,hoje primeira à quarta série,fiz no Colégio da Companhia de Santa Terezinha de Jesus,que funcionava,em um prédio tradicional na esquina das ruas Conde de Bonfim com São Francisco Xavier,no Largo da Segunda-Feira,marco inicial do bairro da Tijuca,fim do bairro do Estácio.Colégio particular de freiras,dessa ordem(Santa Terezinha de Jesus),apenas para meninos e de ensino primário,ensinou-me as primeiras letras,alfabetizou-me e nele estudei dos cinco aos dez anos.Recordo-me do uniforme caqui fechado,com paletó e camisa,calça comprida,pasta cheia de livros e cadernos(pesada paca)e muito estudo e disciplina super-rígida,com muitas rezas e missas. Além do pátio grande,com muitas brincadeiras,no horário de recreio,como de toda criança com muita correria,lembro bem da minha professora durante os quatro anos do primário,a Madre Alzira,mulata gorda,que sabia tudo,ensinava,esclarecia todas as dúvidas,de cima do tablado de professor(em todas as salas durante todos os meus estudos,até na Faculdade Cãndido Mendes,o professor sempre ficava mais alto que a turma,com a mesa dele em cima de um tablado).Mas o mais marcante era que à esquerda dela ficava pendurada,ameaçadora,a palmatória,instrumento disciplinador,em formato de uma colher grande de madeira,dessas de mexer arroz,cheia de furinhos,como de um coador(os furinhos eram para a palma da mão inchar).Êsse instrumento,hoje considerado de tortura,utilizado em bolos nas palmas das mãos,era eficaz,eficiente inibidor de bagunças,falatórios e também de lembrança para aquele que não trazia o dever de casa pronto ou estava distraído e não prestava atenção às perguntas da mestra.Travei alguma intimidade com êle e não simpatizei,mas foi um bom meio auxiliar de ensino.Minha sorte é que com a facilidade de aprendizagem que sempre tive não foi utilizado por essas questões,o que de alguma forma massageava o ego da Madre Alzira,que via que ela ensinava bem,pois eu aprendia bem.Sempre o foi por alguma esculhambação(também não por falar,pois eu respeitava a presença e esforço do professor),tal como pendurar rabo de tira de papel de caderno em algum colega chamado à frente para responder a alguma questão ou conjugar um verbo ou responder a tabuada(para quem não sabe tabuada é a citação oral,decorada dos resultados das quatro operações)ou uma tacada de giz na cabeça de algum colega,geralmente de um babaca.O castigo físico quando não é espancamento,quando é negociado antes,informado e aplicado com parcimônia é um meio eficaz de aprendizagem de comportamentos(mutatis mutandis,esta é a finalidade da cadeia,da prisão).Hoje reconheço,sem a frescura de traumas,que muito aprendi de certo e errado com as sovas de meu pai e a palmatória da Madre Alzira.Obrigado meu colégio do primário,para onde ia e voltava de condução,que não sei se lá está e como,mas a quem devo toda a minha formação inicial.Obrigado congregação cristã de Santa Therezinha de Jesus,obrigado a Madre Alzira e sua palmatória.Madeira

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